O Brasil tem grande potencial de geração de energia solar não explorado no chamado Cinturão Solar, área que vai do Nordeste ao Pantanal, incluindo o norte de Minas Gerais, o sul da Bahia e o norte e o nordeste de São Paulo. É o que indica a segunda edição do Atlas Brasileiro de Energia Solar do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que será lançado em julho.
A nova edição utilizou informações levantadas durante 17 anos. Os dados informam a quantidade e a disponibilidade da radiação solar, e a variação de potência dos raios, como os fatores climáticos – notadamente a presença de nuvens – que influenciam a disponibilidade e a influência da topografia para a incidência dos feixes de luz solar.
A primeira versão do Atlas, produzida pela unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), em 2006, com dados compilados ao longo de dez anos, já apontava esse potencial de expansão. Agora, a quantidade de material obtido por meio de satélites permitiu uma análise mais profunda sobre a real capacidade do País.
Segundo o coordenador dos estudos, Enio Pereira, o Atlas contribuirá para a tomada de decisões estratégicas nas políticas públicas do setor de energia elétrica, além de investimentos privados e outros estudos. "Para você usar qualquer forma de energia, tem de conhecer a disponibilidade dela", explica o físico, que atua no Laboratório de Modelagem e Estudos de Recursos Renováveis de Energia do Inpe.
Atualmente, a participação da fonte solar na matriz energética brasileira representa apenas 0,02% do total produzido no País. "O potencial para gerar energia solar no Brasil é gigantesco, especialmente no Cinturão Solar. Toda essa área tem um potencial enorme de geração, porque tem incidência de muita luz solar e durante um longo período, especialmente entre maio e setembro, que é uma época de seca na maior parte desse território", afirma o físico.
Entraves
Um dos desafios encontrados pelo setor é conseguir manter a produção diante das variabilidades das condições atmosféricas, como em dias chuvosos ou com alta nebulosidade. Esse é considerado um entrave-chave para a expansão da produção solar, especialmente na comparação com a fonte hidrelétrica.
"A hidrelétrica, tendo água, você consegue programar de forma constante a sua produção. Na solar, você não tem controle de quanto vai gerar porque tem uma nuvem passando. É uma energia que varia muito com o tempo. Essa é uma questão que deve ser resolvida", diz Enio Pereira.
A alternativa apontada pelo Atlas Brasileiro de Energia Solar para resolver esse problema é distribuir a produção. Assim, é possível manter o volume de geração, mesmo que determinada área não tenha condições de gerar energia. Ele alerta, porém, que ainda há um longo caminho a ser trilhado para garantir uma técnica eficiente de produção.
Para produzir o Atlas Brasileiro de Energia Solar, o Inpe contou com a participação de pesquisadores de várias instituições brasileiras, como a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Tecnológica Federal do Paraná e Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Serão produzidas 1.500 cópias do estudo, que serão distribuídas para instituições do setor.
Referência: https://goo.gl/RrHDAG